Análise fundamentalista: aprenda a fundamentar seus investimentos

analise fundamentalista

Muitos investidores de sucesso defendem a análise fundamentalista como melhor meio para encontrar bons investimentos de longo prazo.

Bom, como ao investir em ações você se torna sócio da empresa, nada mais justo do que conhecer a análise fundamentalista e se associar a empresas com grande capacidade de valorização.

A análise fundamentalista consiste no estudo aprofundado sobre a economia, mercado e setor o qual a empresa está inserida, além da análise intrínseca ao negócio, observando seu potencial de rentabilidade e saúde financeira.

Assim, através de indicadores fundamentalistas e estudos macroeconômicos, os investidores podem fundamentar suas decisões de forma eficiente.

No entanto, aprender a fazer análise fundamentalista pode não ser uma tarefa tão fácil assim. Mas entender melhor a economia e saber o que analisar em uma empresa faz com que seja possível tomar ótimas decisões de investimento.

Como funciona a análise fundamentalista?

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Grandes investidores como Warren Buffet, Peter Lynch e Luiz Barsi defendem a estratégia da análise fundamentalista.

No entanto, obviamente, cada investidor possui suas particulares e preferências relacionadas a análise.

Para que você possa a começar a analisar ações e fazer boas decisões de investimentos, é interessante entender no que consiste basicamente a análise fundamentalista.

Lembrando que existem também outras estratégias como a análise técnica, mais direcionada para traders e especuladores profissionais que buscam maior lucro de curto prazo.

A análise fundamentalista, em contrapartida, é mais eficiente para investimentos e bons ganhos de longo prazo, além de trazer mais segurança para a decisão.

Análise fundamentalista: questões econômicas e de mercado

É muito interessante, ao analisar investimentos, tomar conhecimento sobre a situação econômica do mundo, do país e o potencial de crescimento do setor econômico do negócio.

Não existe ordem certa, mas se você fizer a análise da economia e do setor antes de olhar para as empresas diretamente, poderá evitar investimentos em empresas que atuem em um mercado de alto risco.

Macroeconomia

Um bom ponto para analisar a sua análise é os fundamentos macroeconômicos.

Um investidor deve estar familiarizado com alguns indicadores macroeconômicos, como:

Por exemplo: normalmente, quando um país está em recessão, o crescimento das empresas locais tendem a desacelerar, e sem dúvidas essa é uma informação interessantíssima para o investidor.

Além disso, expectativas quanto ao crescimento econômico, inflação e juros são fundamentais para entender os movimentos da bolsa de valores.

Ou seja, um primeiro passo para fazer uma boa análise fundamentalista é enxergar como anda a economia local.

Segmento econômico

Uma ótima forma de garantir bons investimentos, é focar nas empresas posicionadas em mercados que crescem a um nível mais acelerado que o PIB.

Além disso, questões políticas e econômicas podem privilegiar determinados setores em frente aos demais.

Empresas que operam commoditys , por exemplo, estão muito sujeitas ao preço estabelecido pelo mercado internacional.

Uma alta no preço de uma commodity, pode tornar as empresas desse mercado mais lucrativas.

Por isso, é extremamente importante analisar e conhecer a situação do mercado no qual a empresa está inserida.

Market Share

O market share é uma métrica importantíssima para analisar o potencial de crescimento do negócio.

Quando falamos de market share, estamos nos referindo a fatia de mercado que aquela empresa possui.

Para avaliar a capacidade de aumento do market share da empresa, é importante entender a situação econômica local, o a competição existente no mercado e o que a empresa vem fazendo para se destacar em relação aos concorrentes.

Análise fundamentalista: dissecando a empresa

Após analisar o mercado, chega o momento, talvez até mais importante, de analisar intrinsecamente as empresas.

Acredito que existam 3 pontos centrais na hora de analisar uma empresa:

Rentabilidade e Lucratividade

A rentabilidade indica o nível de remuneração do capital investido em uma empresa.

E, com certeza, todos investidores querem aplicar seu capital em empresas onde a remuneração do capital investido é maior.

Para analisar a rentabilidade das empresas, normalmente, são usados 2 principais indicadores: ROE e ROIC.

ROE são as inicias de “Return On Equity”, que pode ser traduzido como retorno sobre o patrimônio líquido, ou seja, retorno sobre todo capital dos acionistas do negócio.

ROE = Lucro líquido / Patrimônio líquido

Além do ROE, temos o ROICReturn On Invested Capital“, que é traduzido como retorno sobre o capital investido.

ROIC = Lucro operacional / Capital investido 

O ROIC estima quantos porcento de cada R$1 investido no negócio são revertidos em lucro operacional.

Evidentemente, quanto maior for esses indicadores, maior a capacidade de remuneração de capital do negócio.

Essas métricas costumam ser muito eficientes para comparar empresas de um mesmo setor econômico.

Além da rentabilidade, é muito interessante analisar a lucratividade do negócio.

Diferente da rentabilidade, para o cálculo da lucratividade não é levado em consideração o valor investido, mas sim o quanto da receita foi convertida em lucro.

Para analisar a lucratividade e compara empresas de um mesmo setor, é importante estar de olho em 3 indicadores:

Endividamento

O endividamento é um dos pontos mais cruciais para avaliar boas opções de investimentos de longo prazo.

Pouco adianta se a empresa gera uma receita enorme, mas não suficiente para pagar suas dívidas.

Você, investidor, deve sempre evitar se associar a empresas que são desequilibradas financeiramente e investir naquelas que apresentam um balanço sólido.

Para analisar o endividamento, é importante comparar algumas informações financeiras do negócio:

  • Deve-se comparar a dívida bruta com o EBTIDA. Normalmente, são indicadas empresas com uma dívida líquida menor que 3x o EBTIDA (Lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização). Isto porque, caso contrário, é possível constatar que a empresa tem sérias dificuldades para reduzir o nível de endividamento e chegar em um nível financeiro mais equilibrado;
  • Deve-se comparar a dívida bruta com o patrimônio líquido. Não são indicadas empresas que apresentem um patrimônio líquido menor que a dívida bruta do negócio. Empresas que apresentam essa característica, normalmente tem seus resultados comprometido por pagamentos de juros e dificilmente alcançam um balanço sólido no longo prazo.

Governança

A governança corporativa é um critério importantíssimo na hora de analisar investimentos em ações.

Ao investir em ações, como dito antes, você estará se associando a uma empresa.

A pergunta da vez é: você se associaria a uma empresa que está sendo gerida por uma pessoa que não te passa confiança?

Imagino que a sua resposta deve ser um não. Pois bem, por isso que é tão importante analisar por quem e como é organizada a estrutura hierárquica do negócio.

Alguns pontos que dão segurança e incentivam o investidor em relação a uma governança corporativa, são:

  • Transparência;
  • Ausência de conflitos de interesses;
  • Número de reuniões públicas feitas com analistas e investidores anualmente;
  • Nível de capital social em mercado aberto;
  • DRE e balanços claros e de fácil compreensão.

Bônus: Preço

O preço foi deixado como um bônus para a sua análise fundamentalista porque existem divergência de opiniões quanto a este indicador.

Tem quem defende que o preço não importa, e, ao fazer uma boa análise do ativo, você deve comprá-lo a qualquer momento, sem olhar a cotação, já que o foco é no longo prazo.

No entanto, muitos outros defendem que o preço importa. Afinal, é possível identificar quando o mercado está sub ou sobrevalorizando um ativo.

Se você optar por ser da corrente dos que defendem que o preço importa, há algumas formas de estimar momentos para comprar um ativo financeiro a um bom preço:

  • Preço / Lucro: esse indicador divide o preço unitário de uma ação dividido pelo lucro por ação. Desta forma, quando a cotação supera essa relação a empresa está sobrevalorizado. Caso a cotação esteja abaixo do valor do P/L, estará subvalorizada;
  • Relação entre o valor patrimonial e valor de mercado: normalmente, quando o valor de mercado é superior ao valor patrimonial da empresa é possível afirmar que ela está sobrevalorizada;
  • Dividend yield: esse indicador representa a distribuição de dividendos do último ano (12 meses) por ação. Diferente das demais, essa é uma métrica usada para avaliar quais empresas distribuem mais lucro entre seus acionistas.

É importante que você estude cada indicador e termo listado acima para compreende-los melhor e estar apto a escolher bons ativos.

A análise fundamentalista é, com certeza, uma das formas mais eficientes para construir uma carteira de ações com grande potencial de valorização no longo prazo. Para investir bem, é essencial fundamentar suas decisões.

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Arthur Dantas Lemos

Arthur Dantas Lemos

Especialista em Finanças Corporativas pela Fundação Getúlio Vargas. É formado pelo Programa de Profissionais do Mercado Financeiro da Bolsa de Valores de São Paulo e pelo Programa CVM de Professores para Mercado de Capitais, Avaliador de Empresas pela NACVA - National Association of Certified Valuators and Analysts (EUA). Fundou a Empreender Dinheiro para democratizar o acesso à Educação Financeira de Alto Poder Transformacional e já impactou diretamente mais de 50.000 pessoas em suas soluções educacionais.

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