O chamado grau de endividamento é um indicador que mostra como anda a saúde financeira de uma empresa. A partir da análise desse indicador, é possível identificar os causadores do endividamento e criar estratégias para lidar com esse cenário preocupante.
A economia sofreu profundos impactos por conta da pandemia da Covid-19. Por isso, entender sobre o grau de endividamento é primordial para você identificar os principais desafios do seu negócio, e se preparar financeiramente no futuro.
Em parceria com a Empreender Dinheiro, nós do Xerpay preparamos esse guia para falar sobre o cálculo de endividamento, como anda o cenário atual da economia brasileira e de que forma as empresas podem ajudar seus colaboradores nesse assunto.
O que é grau de endividamento?
No início, é comum que uma empresa não tenha capital suficiente para crescer. Por isso, as pessoas optam por realizar empréstimos para aumentar o capital de giro. Porém, da mesma forma que ela adquire recursos, a empresa passa a lidar também com o risco do endividamento.
Como já vimos, o grau de endividamento é um indicador que permite saber quais dívidas são necessárias ou dispensáveis dentro de um investimento. Distinguir quais dívidas te ajudam a alcançar um determinado objetivo, e quais podem te levar à falência, é de extrema importância.
Portanto, é primordial que gestores busquem acompanhar esse tipo de dado, pois, só assim, conseguirão tomar decisões mais estratégicas sobre o futuro das empresas.
Mas o que seria uma “dívida”? A dívida é todo compromisso assumido perante a alguém, seja um amigo seu, um banco ou uma instituição financeira.
Ela é também todos os compromissos futuros que irão comprometer parte dos seus ganhos, como empréstimos, compras parceladas no cartão de crédito e financiamentos, entre outros.
Antes de conhecer a composição do endividamento, é interessante que você entenda a diferença entre despesas e dívidas. Despesas são gastos contínuos, necessários para a manutenção de uma empresa. Já as dívidas são a consequência das despesas fora do controle.
Calculando o grau de endividamento
E qual é “grau de endividamento ideal?” Empreendedores e gestores responsáveis precisam manter um controle contínuo sobre a saúde financeira das empresas.
Por isso, é preciso entender algumas métricas para descobrir como anda o equilíbrio do seu negócio, como: endividamento geral, margem liquida e ROI.
Endividamento geral
O Índice de Endividamento Geral é um dos indicadores mais básicos, porque mostra o valor total comprometido para o pagamento de custos relacionados a terceiros.
Em outras palavras, ele ajuda a determinar se uma empresa utiliza mais recursos próprios ou de terceiros. Cabe ressaltar que esse índice sozinho não determina a saúde financeira da empresa.
O ideal é que você não tenha um índice de endividamento nem muito baixo e nem muito alto. A fórmula para descobrir esse índice é simples. É o valor total das dívidas dividido pelo total dos ativos:
EG = (Capital de terceiros / Ativos totais) x 100
Para entender melhor como funciona o Índice de Endividamento Geral, confira um exemplo:
Uma empresa tem $5.000.000 em ativos totais, $1.000.000 em passivos de curto prazo e $100.000 em passivos de longo prazo (ativos são os meios de rendimento e passivos todas as saídas de dinheiro.
Para calcular o endividamento dessa empresa, você divide a soma do passivo exigível ($1.100.000) pelo total do ativo ($5.000.000). Com isso, o índice de endividamento geral seria de 22%.
Isso significa que 22% do ativo total do negócio estaria comprometido para pagamento das dívidas.
Margem líquida
Esse indicador também serve para mostrar a capacidade da empresa de gerar lucro em relação à receita líquida conquistada em determinado período. Ou seja, demonstra se os custos da empresa estão realmente elevados.
A fórmula para realizar esse cálculo é dividir o lucro líquido sobre a receita líquida (o valor que sobra após reduzir impostos). Sendo assim:
Margem líquida = (Lucro líquido / Receita líquida) x 100
Quanto mais alto esse indicador, significa que a empresa está mais preparada para os momentos de baixa.
Retorno sobre investimento (ROI)
O ROI é a relação entre o dinheiro que você ganhou/perdeu e o montante investido. Essa métrica revela o potencial que uma empresa tem para gerar lucros. O cálculo é feito da seguinte forma:
ROI = (Lucro Líquido / Ativo Total) x 100
Para fazer os cálculos corretos, o primeiro passo é ter uma boa gestão financeira.
Qual é o cenário atual de endividamento no Brasil?
A pandemia da Covid-19 trouxe ainda mais desafios à economia brasileira, que já enfrentava problemas no início de 2020. De acordo com economistas, o PIB brasileiro (Produto Interno Bruto) encolheu aproximadamente 4%.
Com a chegada da quarentena, o comércio foi prejudicado. Diversos tipos de serviços precisaram ser fechados. Pequenos empreendimentos sofreram para sobreviver sem clientes, e muitos deles foram à falência. E qual o resultado disso tudo?
A falta de crescimento tornou mais difícil manter e oferecer novas oportunidades de emprego. Nesse ritmo, o ano de 2020 fez com que o desemprego atingisse 14 milhões de pessoas no País.
Diante disso, não seria surpresa informar que o grau de endividamento das famílias brasileiras aumentou.
Segundo pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), no fim de 2020, o percentual de endividados subiu para 67,5% (compromissos assumidos com cheque especial, cartão de crédito e empréstimos).
Então, o que as empresas podem fazer para evitar que o grau de endividamento cresça? Existem algumas estratégias para lidar com o endividamento.
Como contornar o endividamento?
A falta de conhecimento e controle financeiro levam os empreendimentos a uma situação de endividamento.
E sair dessa situação não é simples. É preciso muita organização, planejamento e corte de gastos para colocar a empresa de volta nos trilhos.
Se a sua empresa está passando por algum grau de endividamento, há alguns passos que você pode seguir.
Entender as causas do endividamento
Não dá para buscar uma solução sem conhecer a raiz do problema. Faça um diagnóstico profundo sobre os investimentos e finanças do seu negócio. Se a sua empresa é pequena e te falta experiência, procure ajuda de um especialista.
Avaliar o que pode ser cortado ou reduzido
Saiba separar o que é realmente necessário para sua empresa funcionar do que é supérfluo. Ou então, caso o corte não seja possível, opte por materiais mais baratos.
Realize uma pesquisa para encontrar bons fornecedores e o melhor custo-benefício. Incentive os funcionários a ter um aproveitamento adequado dos produtos.
Investir na integração de setores
Muitas vezes o principal problema de uma empresa é que os setores não conversam entre si. Ninguém fica sabendo o que está acontecendo, a comunicação é cheia de ruídos e os profissionais não têm interação entre si.
Por isso, coloque em prática ações voltadas para a integração e cooperação. Faça reuniões estratégicas, se comunique melhor com cada colaborador ou líder de setor, invista mais em ferramentas de comunicação.
Definir prioridades
Em momentos de dificuldade, é preciso estabelecer prioridades para que você tenha foco na hora de solucioná-las.
Se a sua organização tem mais de uma dívida, pense em quais precisam ser quitadas com maior urgência. Use critérios como custo, juros, período da dívida e possíveis riscos (processos judiciais, por exemplo).
Quais estratégias para ajudar colaboradores endividados?
Pode ser que a sua empresa não esteja com problemas relacionados ao endividamento, ou tais problemas já foram solucionados.
No entanto, os colaboradores podem estar com esse problema. E quando o trabalhador passa por estresse financeiro, sua produtividade fica comprometida.
Mesmo sendo uma questão bastante pessoal, é possível que as organizações ajudem seus colaboradores a lidar com esse problema. Uma ajuda mútua beneficia ambas as partes.
O salário sob demanda é uma tendência que contribui para aumentar a produtividade, por exemplo. Por meio de aplicativo, o colaborador pode sacar pelos dias já trabalhados sem precisar esperar a virada do mês.
O processo é simples, rápido e não altera a folha de pagamento das empresas. Com esse benefício, é possível cobrir gastos emergenciais e pagar dívidas com o mínimo de juros.
Existem ainda outras estratégias para manter o bem-estar financeiro dos colaboradores: palestras, cursos e workshops sobre educação financeira, manuais com dicas práticas, benefícios flexíveis e outros.
Seja qual for a medida, oferecer um apoio ao colaborador sobre a questão de endividamento pode ser muito vantajoso, pois gera:
- aumento de produtividade (estar no controle das finanças deixa o colaborador mais tranquilo e focado no trabalho);
- redução do estresse, o que impacta positivamente no clima do ambiente de trabalho;
- redução do absenteísmo (muitas vezes causado por problemas em casa ou problemas de saúde relacionados ao estresse);
- recrutamento mais atraente, afinal, os profissionais estão buscando empregos que ofereçam benefícios relevantes.
Identificar o grau de endividamento envolve múltiplos fatores. Não existe uma fórmula mágica, mas vários cálculos e uma avaliação detalhada.
Sem acompanhar tudo isso, é provável que você fique à mercê das oscilações da economia e prejudique o crescimento da sua empresa.
Por isso, vale a pena seguir essas dicas. Busque ter uma gestão mais eficiente do seu negócio e, assim, aprenda a evitar um grau de endividamento alto.