Muitas vezes, ao analisar o resultado dos Juros Compostos, muitos acham que ocorreu algum tipo de mágica em seus investimentos.
No entanto, é mais simples do que parece. O que acontece, na verdade, é somente a atuação dos Juros Compostos sob um valor aplicado.
O que são Juros Compostos?
Os Juros Compostos são a prática de juros sobre juros, muito utilizados no sistema financeiro por oferecerem uma grande rentabilidade para os investidores.
Por serem incorporados no capital aplicado, o valor cresce mais rápido que no caso dos Juros Simples. E isso pode ser tanto positivo quanto negativo.
No caso de uma dívida, como uma fatura de cartão de crédito atrasada, por exemplo, ao longo dos meses, ele é responsável por aumentar o valor pendente.
Já para os investimentos, situação abordada neste artigo, ele garante uma melhor rentabilidade a longo prazo.
O que são Juros?
Os juros são um percentual sobre um valor total que podem ser calculados tanto de forma composta quanto simples.
Eles funcionam como a consequência do ato de emprestar dinheiro a uma pessoa ou instituição.
Portanto, enquanto o devedor paga um percentual além da quantia solicitada, o credor recebe esse rendimento pelos riscos envolvidos na relação.
Ou seja, ao investir em algum título como o Tesouro Direto, por exemplo, você está emprestando dinheiro ao Governo, que irá devolver a quantia somada à correção de juros.
Desvantagens dos Juros Compostos
Com dito, mesmo sendo excelentes para os investimentos, os Juros Compostos são assustadores para os endividados.
Isso porque, mesmo devendo uma pequena quantia, esse valor pode dobrar de tamanho ao longo do tempo, causando a famosa bola de neve de dívidas.
Por isso, antes de assumir uma dívida, é fundamental que você entenda os riscos envolvidos nessa operação.
Além de, é claro, entender se o valor das parcelas realmente cabe no seu orçamento disponível.
Vale lembrar que uma reserva de emergência é fundamental em casos onde o devedor passa por dificuldades financeiras, mas ainda precisa cumprir com seus pagamentos.
Qual a diferença entre Juros Simples e Juros Compostos?
O que difere os Juros Simples do Composto é simplesmente a base de cálculo de cada um.
Para a modalidade simples, a taxa é cobrada apenas sobre o valor inicial ao longo de todo o período de pagamento da dívida.
Já no caso do Juro Composto sobre o valor do último mês. Por isso, o valor a ele relacionado cresce muito mais rápido.
Por exemplo: um empréstimo de R$20 mil, com taxa mensal de 2%.
Com os Juros Simples, o valor aumenta em R$400 reais a cada mês, resultando em um total pago ao final de 12 meses de R$24.800,00.
Já com os Juros Compostos, o valor aumenta em R$400 no primeiro mês, R$408 no segundo e consecutivamente.
Ao final de um ano, o valor total pago será de R$25.364,84.
Como calcular os Juros Compostos?
O cálculo dos Juros Compostos é obtido com a seguinte fórmula:
M = C (1 + i)n
Sendo:
- M = Montante;
- C = Capital Aplicado;
- i = Taxa de Juros Composto;
- n = Número de períodos que o capital foi aplicado.
No entanto, ao aplicar esta fórmula, é preciso estar atento às seguintes regras:
Caso a taxa “i” seja anual, o período de aplicações deve ser reduzido à unidade de ano. O mesmo caso ela seja referente ao mês ou dia, sendo todos escritos em decimal.
Quais os fatores analisados no cálculo dos Juros?
Existem três fatores que impactam diretamente o resultado de crescimento de um montante aplicado.
Por isso, é fundamental que você entenda quais são eles, seja um investidor iniciante ou de longo prazo:
Montante investido
O montante é o valor inicial aplicado no investimento. É a partir dele que o Juro Composto incide inicialmente, fazendo com que o rendimento se torne maior.
Por conta disso, costuma valer a pena juntar uma boa quantia de dinheiro (montante) para começar um investimento.
Com isso, o juro irá incidir sobre um valor mais alto, tornando a rentabilidade melhor mesmo com aplicações menores durante os meses.
Tempo do investimento
O tempo é o melhor amigo do Juro Composto, seja em relação à uma dívida ou um investimento.
No caso das aplicações financeiras, ele é o motivo principal para a acumulação desses juros.
Portanto, quanto maior o prazo de vencimento de um investimento, melhores serão os ganhos do investidor.
Rentabilidade do investimento
A rentabilidade representa o percentual de retorno financeiro de uma aplicação oferecido ao investidor.
Esse critério costuma variar bastante de acordo com cada um dos produtos financeiros existentes, já que eles são relacionados à riscos e condições variadas.
Além disso, é ele que será beneficiado com a ação dos Juros Compostos ao longo do período de aplicação do investimento.
Ou seja, quanto maior o tempo de aplicação, maior a incidência dos Juros e a rentabilidade do investimento.
Quais investimentos utilizam os Juros Compostos?
Todos os tipos de investimento de renda fixa disponíveis no mercado utilizam a ação dos Juros Compostos para calcular seus rendimentos.
Entre os principais, temos:
- CDB (Certificado de Depósito Bancário);
- LCI (Letra de Crédito Imobiliário);
- LCA (Letra de Crédito ao Agronegócio);
- Tesouro Direto.
No caso da Caderneta de Poupança, ao invés de uma remuneração diária, o rendimento é pago penas no final do período de um mês, chamado de aniversário do depósito.
Isso traz o risco de um saque dias antes do pagamento dos juros desse produto financeiro.
Na Bolsa de Valores, no entanto, não existe o pagamento de juros sobre os investimentos. Nesse caso, são pagos retornos compostos sobre as aplicações.
Confira os principais títulos de renda fixa onde o dinheiro aplicado rende mês a mês:
CDB – Certificado de Depósito Bancário
o CDB é um título emitido por instituições financeiras que serve para o financiamento de suas atividades.
Para isso, é oferecido o pagamento de Juros, sendo calculados de maneira composta, mas variando de acordo com cada instituição.
Esse investimento conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) no caso de falência da instituição. Porém, o valor limite para a cobertura é de R$250 mil por CPF em cada instituição.
Vale lembrar que, com a Taxa Selic em baixa constante, essa opção pode ficar menos atraente ao longo do tempo.
Para encontrar a melhor opção entre os Certificados disponíveis, além de verificar os modelos de taxação (prefixados, definidos na hora do aporte ou pós-fixados), é preciso analisar:
- Carência mínima;
- Tamanho mínimo do aporte.
Isso porque esses dois fatores acabam influenciando na taxa de juros obtidas.
LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)
Os títulos LCI e LCA são bastante semelhantes, mas com finalidades distintas, já que um é direcionado para o mercado imobiliário e o outro para o agronegócio.
Nesses produtos financeiros não existe a incidência de Imposto de Renda, o que pode ser benéfico para alguns perfis de investidores.
No entanto, o valor mínimo para esse investimento em algumas instituições pode chegar a R$50 mil.
Eles são garantidos pelo FGC e possuem liquidez lenta, o que faz com que não sejam uma boa alternativa para quem deseja resgatar o valor em curto prazo.
Tesouro Direto
Os famosos títulos do Tesouro são ótimas opções para o investidor de renda fixa.
Por serem garantidos pelo Governo, eles se tornam muito mais seguros que as demais opções.
O rendimento das opções disponíveis tanto pode ser atrelado à Taxa Selic quanto à inflação.
Além disso, por serem oferecidos pelo próprio Tesouro Nacional, seus valores não variam entre as corretoras – apenas as taxas relacionadas.
Renda Variável
Como já dito, a ação dos juros compostos na renda variável ocorre de maneira indireta, já que não é possível prever o resultado de um investimento no momento da aplicação.
Portanto, para a maioria dos investidores, esse tipo de aplicação acaba sendo melhor a longo prazo, onde é possível analisar melhor a flutuação dos papeis (ações).
A importância de começar a investir cedo
São diversas as justificativas dadas por pessoas para não começarem a investir.
Seja por medo ou “falta de dinheiro”, é possível, na grande maioria das vezes, começar a economizar, poupar e investir.
É claro que, em situações de grandes problemas financeiros, onde existe a dificuldade até para o básico, essa não é uma opção viável no momento.
No entanto, para as pessoas que “ganham pouco”, a história é outra.
Muitos desses indivíduos acabam caindo na zona de conforto, e esquecem que dá para começar a investir com apenas R$30.
No entanto, mesmo com esse valor, a disciplina ajudará você a viver melhor financeiramente, principalmente com a ajuda dos Juros Compostos.
Exemplo de investimento com Juros Compostos
Ao fim de um longo período de investimento, mesmo um valor pequeno pode se tornar bastante atrativo para o investidor.
Para exemplificar melhor isso, utilizemos uma situação hipotética:
- Um título no Tesouro Direto com rendimento de 0,95% ao mês (descontado de taxas) + a variação do IPCA (garantindo a rentabilidade acima da inflação);
- Resgate do Imposto de Renda, de 15%;
- Economia de R$100 por mês.
Em 5 anos, o valor total aplicado pelo investidor é de R$6.000,00. Já com o ganho dos juros, descontado do IR, a quantia total sobe para R$7.816.46.
Em 10 anos, o valor total aplicado é de R$12.000,00. Acrescido dos juros menos o IR, a quantia retirada seria de R$18.878,85.
Em 20 anos, o valor aplicado é de R$24.000,00. Após a incidência dos juros menos o IR, a quantia fica no valor de R$77.591,85.
Vale lembrar que, nessas simulações, não estão sendo considerados cenários externos nem a correção pela inflação.
Por isso, elas só servem para que você perceba a ação dos Juros Compostos nos investimentos ao longo do tempo.