Entenda melhor o sistema bancário brasileiro

sistema bancario

Quando você pensa no sistema bancário nacional, qual a primeira coisa que vem em sua mente?

Se você pensou em concentrado, entendo perfeitamente. Afinal, todos nos sofremos com a baixa competitividade do sistema bancário nacional.

O sistema bancário representa o agregado das instituições financeiras, sobretudo aquelas que prestam serviços para nós, consumidores.

A baixa competitividade do sistema bancário do Brasil pode ser vista como um dos motivos de termos um dos maiores spreads bancários do mundo.

O que é um sistema bancário?

Para que você possa entender melhor a conjuntura bancária nacional, é interessante que você tenha em mente uma ideia precisa de o que é o sistema bancário.

Podemos dizer que o sistema bancário de um país é responsável pela oferta de crédito para os consumidores e até mesmo firmas.

Dizer que o sistema bancário, composto majoritariamente por companhias privadas, é responsável pela oferta de crédito nacional pode parecer um pouco estranho, a princípio.

Até porque, os juros cobrados pelo banco (instrumento principal de incentivo a crédito) é referenciado pela taxa básica de juros, definida pelo Banco central.

Entretanto, obviamente, o juros cobrado pelos bancos não são exatamente o juros básico definido pelo Banco Central.

E é justamente por isso, que os bancos podem ser definidos como responsáveis pela oferta de crédito.

Além da taxa básica de juros, existem vários outros fatores que compõe o valor do crédito cobrado diretamente ao correntista.

Uma forma muito boa de entender isso, é compreendendo de que se trata o spread bancário.

sistema bancario

Spread bancário

O spread bancário é a diferença entre o valor que o banco paga ao aplicador e quanto o banco cobra para conceder empréstimos.

Por exemplo, quando você aplica seu dinheiro em um título de renda fixa de determinado banco, ele pode pagar uma taxa de captação de 6% para o investidor.

Por outro lado, se você procurar por um empréstimo pessoal, o mesmo banco pode cobrar uma taxa de juros de 20%.

Para entender essa diferença entre o valor pago e o valor cobrado pelos bancos, é essencial entender a composição do spread bancário:

  1. Risco de inadimplência: esse custo é uma estimativa de quanto o banco deixaria de receber em função da falta de pagamento dos empréstimos por parte dos clientes;
  2. Margem Líquida: é a margem de lucro do banco;
  3. Impostos diretos: são a junção das despesas que o banco tem em relação ao imposto de renda;
  4. Depósito compulsório e encargos: gastos envolvidos a exigências do banco central e obrigações;
  5. Custos administrativos: são as despesas do banco em geral. Por exemplo, pagamento de salários, publicidade e propaganda, investimentos, etc.

No entanto, mesmo que você não esteja vendo isso dentro do spread bancário, uma coisa que pode justificar uma diferença tão grande entre a taxa de captação e a taxa cobrada ao correntista é a baixa competitividade no setor bancário.

Como funciona o sistema bancário do Brasil?

E, quando falamos de baixa competitividade do sistema bancário, ou seja concentração da atividade bancária em poucas instituições, temos que citar o caso do Brasil.

Uma das questões que podem reduzir o acesso ao crédito no Brasil por conta de altos juros, é justamente a concentração bancária.

Para que você veja como este é um problema real, é interessante conhecer a composição do sistema bancário brasileiro:

PosiçãoBancoAtivo em R$ (Bilhões)
1Itaú1.649
2Banco do Brasil1.396
3Bradesco1.305
4Caixa econômica1.300
5Santander705,03
6BTG215,4
7HSBC168
8SAFRA145
9Votorantin105,5
10Banrisul77,4

Um dado relevante para que você note mais ainda a concentração dos bancos: os 5 maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander) representam estrondosos 84,8% do mercado.

Todos esses dados são do ano de 2018, mas com certeza dali para cá a coisa não mudou muito.

Era possível inserir o BNDES nesta lista, mas como esta instituição é direcionada para Pessoas Jurídicas, não convém à nossa análise.

Considerando ainda, que o banco SAFRA e o BTG são mais direcionados a contas para investimentos, é possível perceber como o mercado de crédito está limitado a um oligopólio.

Como todos nós sabemos, um mercado que não está sujeito a competição e concorrência, normalmente, acarreta 2 problemas para o consumidor:

  • Preços altos;
  • Produtos de baixa qualidade.

Bom, isto realmente pode refletir bem a realidade bancária do brasil até hoje em dia.

O que esperar do futuro do sistema bancário nacional?

Com o aumento de serviços voltados para o mundo digital, novos bancos vêm surgindo e apresentando algumas vantagens.

3 bancos vêm chamando atenção:

  • Nubank: Startup brasileira pioneira na área financeira. O banco disponibiliza uma série de serviços sem anuidade, além de ser completamente gerenciável pelo aplicativo (sem agência bancária). O número de usuários vem crescendo de forma significativa.
  • Banco Pan: Oferece diversas vantagens em relação aos bancos tradicionais para serviços de financiamento. Hoje em dia é 51% do BTG e 49% da Caixa econômica.\
  • Banco Inter: Um dos primeiros bancos digitais do país e famoso por tornar gratuito diversos serviços básicos para o correntista.

Além dessas instituições, existem e surgirão outras com a tentativa de oferecer produtos mais baratos (reduzir taxas) e oferecer mais qualidade no serviço ao consumidor.

Mas, um ponto a ficar atento é que muitas vezes esses bancos são comprados e incorporados aos bancos tradicionais, como foi o cado do banco Pan.

Ou seja, caso isso ocorra em larga escala, provavelmente não será possível esperar melhoras significantes nos próximos anos.

Por outro lado, é muito possível que esses bancos cresçam através de investimentos de instituições estrangeiras.

O que poderia resultar, evidentemente, em um aumento de competitividade no sistema bancário do brasil.

O que vai acontecer serão cenas para o próximo capítulo, no entanto, nós, brasileiros, devemos defender medidas que auxiliem o aumento de competitividade dos bancos.

Assim, é esperado que a oferta de crédito do sistema bancário seja cada vez mais interessante, tanto em relação ao preço como na qualidade dos serviços.

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Arthur Dantas Lemos

Arthur Dantas Lemos

Especialista em Finanças Corporativas pela Fundação Getúlio Vargas. É formado pelo Programa de Profissionais do Mercado Financeiro da Bolsa de Valores de São Paulo e pelo Programa CVM de Professores para Mercado de Capitais, Avaliador de Empresas pela NACVA - National Association of Certified Valuators and Analysts (EUA). Fundou a Empreender Dinheiro para democratizar o acesso à Educação Financeira de Alto Poder Transformacional e já impactou diretamente mais de 50.000 pessoas em suas soluções educacionais.

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