Não há como impedir que haja riscos quando se trabalha com investimentos, mas é possível se preparar para lidar com cenários negativos. Uma análise dessa capacidade é o Stress Test.
O Stress Test, ou teste de estresse em português, funciona como um modo prático de mapear os riscos, por exemplo, de uma empresa, uma gestora ou um banco.
Por essa razão, o Stress Test é um meio de verificar como seu patrimônio ou ativos de uma carteira seriam afetados de acordo com diferentes cenários futuros.
Entenda o Stress Test
O Stress Test é uma técnica de simulação por computador usada para testar o preparo das instituições e das carteiras de investimento em relação a possíveis crises financeiras futuras.
Algumas das variáveis que têm o potencial de afetar uma carteira de investimentos são:
- Inflação;
- Nível da taxa de juros;
- Crescimento do PIB;
- Mercado global;
- Taxa de câmbio;
- Finanças públicas;
- Cenário político (esse pode, inclusive, afetar todas as outras variáveis).
Como não se sabe o que irá acontecer com essas diversas variáveis, se atribui um valor a elas. Após isso, então, se verifica o que aconteceria com seus investimentos em diferentes cenários.
Um Stress Test é tão bom quanto os cenários nos quais ele se baseia. Aqueles que elaboram testes devem imaginar todos os futuros possíveis que o sistema financeiro pode enfrentar.
Além disso, simular apenas um cenário não contempla todas as alternativas que podem ocorrer com seus investimentos. Por essa razão, diversos testes precisam ser feitos.
Sendo assim, ele leva o nome Stress Test. É um processo que, de fato, estressa, pois precisa avaliar tudo o que pode acontecer com seus investimentos.
Esse teste costuma ser mais usado nas instituições financeiras e bancos, pois a inadimplência e o nível de taxas de juros é algo que afeta bastante o retorno dessas atividades.
Sendo assim, ao realizar esse teste, essas instituições conseguem avaliar suas carteiras e atuar para diminuir futuros riscos.
Para que serve o Stress Test?
As empresas que gerenciam ativos e investimentos, no geral, usam o Stress Test para avaliar o risco do portfólio. Em seguida, estabelecem estratégias de hedge necessárias para reduzir possíveis perdas.
Gerentes de portfólio usam programas internos do teste para avaliar como os ativos que gerenciam podem resistir a certas ocorrências de mercado e eventos externos.
O teste de correspondência de ativos e passivos também é amplamente usado por empresas que desejam garantir que tenham os controles e procedimentos internos em vigor.
Além disso, se testam carteiras de aposentadoria e seguros também para garantir que o fluxo de caixa e os níveis de pagamento, por exemplo, estejam bem alinhados.
Ainda, por meio do Stress Test, é possível avaliar os efeitos de curto prazo de eventos. Alguns deles são falências bancárias ou quebras de comunicação técnica que levam à incapacidade dos participantes em enviar os pagamentos.
Metodologia do Stress Test
Quanto à metodologia de testes de estresse, a simulação de Monte Carlo é uma das mais conhecidas.
Designa-se por método de Monte Carlo (MMC) qualquer método de uma classe de métodos que se baseiam em amostras aleatórias massivas para obter resultados numéricos.
Ou seja, se repete simulações um grande número de vezes para calcular probabilidades, como se faz em jogos de cassino.
Este tipo de teste pode se usar para modelar probabilidades de vários resultados com variáveis específicas.
Em geral, os modelos desse teste permitem não apenas o teste de estressores individuais, mas também combinações de diferentes eventos.
No geral, os fatores considerados na simulação de Monte Carlo, por exemplo, incluem diversas variáveis econômicas.
As empresas também podem recorrer a fornecedores de software e gerenciamento de riscos para vários tipos de Stress Test.
Tipos de Stress Test
O Stress Test envolve uma simulação para identificar fraquezas escondidas.
Portanto, existem várias abordagens para o contexto desses testes. Entre os cenários mais populares estão:
- Hipotéticos;
- Históricos;
- Estilizados.
Cenário hipotético
Mais específico, um cenário hipotético, no geral, tem foco em como uma empresa pode atravessar uma crise.
Por exemplo, uma empresa na Califórnia pode fazer um Stress Test contra um hipotético terremoto ou uma empresa de petróleo pode fazê-lo para uma guerra no Oriente Médio.
Cenário histórico
Em um cenário histórico, se analisa o negócio por meio de uma simulação que se baseia em uma crise anterior.
Algumas das crises históricas incluem a quebra do mercado de ações em outubro de 1987, a crise asiática de 1997 e a bolha de tecnologia que estourou em 1999-2000, por exemplo.
Cenário estilizado
Cenário estilizado é um pouco mais científico, pois apenas uma ou algumas variáveis de teste se ajustam de uma vez. Por exemplo, o Stress Test pode envolver o índice Dow Jones perdendo 10% de seu valor em uma semana.
Stress Test bancário
O Stress Test tem sido adotado por vários órgãos como uma exigência regulatória em instituições financeiras, como é o exemplo do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O Stress Test bancário passou a ser bastante implementado após a crise financeira de 2008. Nessa época, muitos bancos e instituições financeiras ficaram muito capital insuficiente.
Como resultado, as autoridades federais e financeiras expandiram os requisitos de relatórios regulatórios para enfocar a adequação das reservas de capital e estratégias internas de gestão de capital.
Um Stress Test de um banco é uma análise para determinar se um banco tem capital suficiente para resistir a uma crise econômica.
Os bancos que passam pelo teste são obrigados, portanto, a apresentar seus resultados para mostrar como a instituição lidaria com um grande desastre financeiro.
As regras exigem que as empresas que não passam no Stress Test devem reduzir seus pagamentos de dividendos e recompras de ações para preservar ou aumentar seu estoque de capital.
Por outro lado, além dos benefícios, os críticos afirmam que esses testes costumam ser muito exigentes.
Ao exigir que os bancos sejam capazes de suportar crises financeiras que ocorrem uma vez no século, isso forçam os bancos reterem muito capital. Como consequência, há uma subprovisão de crédito ao setor privado.
Muitos bancos falham nos testes de estresse no mundo real. Até instituições de prestígio podem tropeçar. Por exemplo, o Santander e o Deutsche Bank foram reprovados no Stress Test várias vezes.